quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Entrevista para Cristiano Scaglioni sobre Música e Movimento...Novembro de 2016

Esse é o Resultado de uma entrevista que eu, Marcos Campos (Bakhy) concendi para um ex aluno de Musicalização infantil, no final de Novembro de 2016...Cristiano Scaglioni foi meu aluno há 10 anos e  esta terminando sua formação em Música em São Paulo, e achei importante compartilhar seus resultados e também um pouco de minha metodologia de trabalho em Música...


INTRODUÇÃO

Marcos Campos, apelidado como Bakhy,foi meu primeiro professor de música. Eu tinha apenas oito anos de idade e com a flauta-doce tive meu primeiro contato com a musicalização. Ainda me lembro das atividades, brincadeiras, alongamentos, relaxamentos e das músicas que estudávamos.

A entrevista foi feito, especialmente, por internet e não presencial, pois atualmente o professor Marcos mora no interior do Estado de São Paulo e não era possível nosso encontro físico no prazo estipulado.

RELATO

De todos os professores de música que tive ao longe da minha vida, imagino que poucos se preocuparamcom a relação música/corpo e talvez o professor Marcos seja o que mais valoriza esse trabalho em sala de aula. A cada fala eu relembrava das aulas de treze anos atrás e ia confirmando, mentalmente, as respostas dadas por ele. Hoje entendo o propósito de cada atividade que vivi e comparando com as aulas na faculdade fico impressionado com a capacidade e a formação do meu primeiro professor.

Para Bakhy, tomando a liberdade de chama-lo pelo nome que sempre chamei nas aulas, a relação corpo e música são intrínsecas: nosso corpo é música, desde o batimento cardíaco, ritmo respiratório e circulatório. E para se trabalhar corpo e mente é necessário, primeiramente, a auto percepção para que o aluno se pergunte “qual é o meu ritmo interno?”, por exemplo. Por isso seria necessário o ensino de música desde a mais tenra idade para desenvolvimento dos movimentos coordenados de bipolaridade, equilíbrio motor, concentração, atenção e disciplina.

Suas aulas sempre são iniciadas com exercícios de relaxamento e alongamento para que o aluno tenha consciência de como está sua postura enquanto está tocando, como está o apoio dos pés e etc. É importante dizer que é necessário deixar a coluna ereta, porém não retesada.

Bakhy diz que qualquer postura desconfortável é perniciosa, dessa forma é necessário ter prontidão, atenção e concentração sem estar tenso, como geralmente ocorre por falta de orientação do professor. É necessário que o aluno se sinta confortável no palco como fica confortável no seu espaço de lazer, pois é no palco que o músico faz a “magia da arte” acontecer, onde se comunicará com o público o que sente e como expressa. Não aproveitar esse momento é um problema que pode ser evitado, segundo Bakhy, com relaxamento logo antes de subir ao palco ou se apresentar. Na sua jornada profissional, aprendeu essa virtude com técnicas de Pranayama, controle respiratório do Hatha-Yoga, que inclusive utiliza os princípios desses treinos para embasar os exercícios propostos em aula. São exercícios simples de controle respiratório que afeta diretamente o humor e a emoção, controle de ansiedade, tudo para que o aluno consiga controlar o emocional dentro e fora dos palcos.

Por exemplo, um exercício proposto é fechar os olhos e escanear o seu corpo da cabeça aos pés, sentir seu corpo no espaço, como parte do espaço. Há tensão em meu corpo? Se houver respire fundo e solte a tensão. Garante que os resultados são incríveis e duradouros.

Sobre o gestual durante as aulas ou na performance, não há segredo. Se seu gestual é pesado e tenso, sua música será igualmente pesada e tensa e provavelmente seu aluno, ao observar como o professor toca, irá imitá-lo. Ter se aproximado das práticas corporais já citadas, contribuiu para que ele pudesse ter mais domino do equilíbrio corporal e assim transmitir corretamente seus saberes aos alunos, sem contradição entre discurso e prática. Como já foi dito, eu fui aluno e confirmo que o professor realmente aplica o que diz em aula.

A última pergunta foi sobre ser possível dissociar a linguagem gestual da musical, e para o Professor Marcos Campos, em certo sentido é possível, sim. Mas o caráter gestual da personalidade de cada um fatalmente contamina a desenvoltura musical, mas é possível, pelo menos de certa forma, mitigar essa mistura gestual com um bom equilíbrio físico e emocional.

CONCLUSÃO

Ficou claro, para mim, que o Professor entrevistado neste trabalho, se preocupa primordialmente com o trabalho de desenvolvimento da consciência corporal, equilíbrio físico e emocional para uma decente formação musical e que se espalha para todas as áreas da vida, servem para formar um humano e um profissional mais compreensivo, disciplinado e equilibrado. É imprescindível para esses objetivos, o exercício inicial de relaxamento, alongamento e autoconhecimento, seguido por atividades lúdicas e um estudo técnico e formal de música, porém não tecnicista e opressor.

Cris, que privilégio você ter tido este professor como o primeiro! Boa escolha para entrevista! O seu relato está muito bom –bem redigido, com reflexões pertinentes. 10,0.




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