Esse é o Resultado de uma entrevista que eu, Marcos Campos (Bakhy) concendi para um ex aluno de Musicalização infantil, no final de Novembro de 2016...Cristiano Scaglioni foi meu aluno há 10 anos e esta terminando sua formação em Música em São Paulo, e achei importante compartilhar seus resultados e também um pouco de minha metodologia de trabalho em Música...
INTRODUÇÃO
Marcos Campos, apelidado como
Bakhy,foi meu primeiro
professor de música. Eu tinha apenas oito anos de idade e com a
flauta-doce tive meu primeiro contato com a musicalização. Ainda me lembro das
atividades, brincadeiras, alongamentos, relaxamentos e das músicas que
estudávamos.
A entrevista foi feito,
especialmente, por internet e não presencial, pois atualmente o professor
Marcos mora no interior do Estado de São Paulo e não era possível nosso
encontro físico no prazo estipulado.
RELATO
De todos os professores de música
que tive ao longe da minha vida, imagino que poucos se preocuparamcom a relação
música/corpo e talvez o professor Marcos seja o que mais valoriza esse trabalho
em sala de aula. A cada fala eu relembrava das aulas de treze anos atrás e ia
confirmando, mentalmente, as respostas dadas por ele. Hoje entendo o propósito
de cada atividade que vivi e comparando com as aulas na faculdade fico
impressionado com a capacidade e a formação do meu primeiro professor.
Para Bakhy, tomando a liberdade
de chama-lo pelo nome que sempre chamei nas aulas, a relação corpo e música são intrínsecas: nosso
corpo é música, desde o batimento cardíaco, ritmo respiratório e circulatório.
E para se trabalhar corpo e mente é necessário, primeiramente, a auto percepção
para que o aluno se pergunte “qual é o meu ritmo interno?”, por exemplo. Por
isso seria necessário o ensino de música desde a mais tenra idade para
desenvolvimento dos movimentos coordenados de bipolaridade, equilíbrio motor,
concentração, atenção e disciplina.
Suas aulas sempre são iniciadas
com exercícios de relaxamento e alongamento para que o aluno tenha consciência
de como está sua postura enquanto está tocando, como está o apoio dos pés e
etc. É importante dizer que é necessário deixar a coluna ereta, porém não
retesada.
Bakhy diz que qualquer postura desconfortável
é perniciosa, dessa forma é necessário ter prontidão, atenção e concentração
sem estar tenso, como geralmente ocorre por falta de orientação do professor.
É necessário que o aluno se sinta confortável no palco como fica confortável no
seu espaço de lazer, pois é no palco que o músico faz a “magia da arte”
acontecer, onde se comunicará com o público o que sente e como expressa. Não
aproveitar esse momento é um problema que pode ser evitado, segundo Bakhy, com
relaxamento logo antes de subir ao palco ou se apresentar. Na sua jornada
profissional, aprendeu essa virtude com técnicas de Pranayama, controle
respiratório do Hatha-Yoga, que inclusive utiliza os princípios desses treinos
para embasar os exercícios propostos em aula. São exercícios simples de
controle respiratório que afeta diretamente o humor e a emoção, controle de
ansiedade, tudo para que o aluno consiga controlar o emocional dentro e fora
dos palcos.
Por exemplo, um exercício
proposto é fechar os olhos e escanear o seu corpo da cabeça aos pés, sentir seu
corpo no espaço, como parte do espaço. Há tensão em meu corpo? Se houver
respire fundo e solte a tensão. Garante que os resultados são incríveis e
duradouros.
Sobre o gestual durante as aulas
ou na performance, não há segredo. Se seu gestual é pesado e tenso, sua música
será igualmente pesada e tensa e provavelmente seu aluno, ao observar como o
professor toca, irá imitá-lo. Ter se aproximado das práticas corporais já
citadas, contribuiu para que ele pudesse ter mais domino do equilíbrio corporal
e assim transmitir corretamente seus saberes aos alunos, sem contradição entre
discurso e prática. Como já foi dito, eu fui aluno e confirmo que o professor
realmente aplica o que diz em aula.
A última pergunta foi sobre ser
possível dissociar a linguagem gestual da musical, e para o Professor Marcos
Campos, em certo sentido é possível, sim. Mas o caráter gestual da
personalidade de cada um fatalmente contamina a desenvoltura musical, mas é
possível, pelo menos de certa forma, mitigar essa mistura gestual com um bom
equilíbrio físico e emocional.
CONCLUSÃO
Ficou claro, para mim, que o Professor entrevistado neste
trabalho, se preocupa primordialmente com o trabalho de desenvolvimento da
consciência corporal, equilíbrio físico e emocional para uma decente formação
musical e que se espalha para todas as áreas da vida, servem para formar um
humano e um profissional mais compreensivo, disciplinado e equilibrado.
É imprescindível para esses objetivos, o exercício inicial de relaxamento,
alongamento e autoconhecimento, seguido por atividades lúdicas e um estudo
técnico e formal de música, porém não tecnicista e opressor.
Cris, que privilégio você ter
tido este professor como o primeiro! Boa escolha para entrevista! O seu relato
está muito bom –bem redigido, com reflexões pertinentes. 10,0.
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